segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O EXPECTRO DO PENSAMENTO ATRASADO ESTÁ DE VOLTA


O EXPECTRO DO PENSAMENTO ATRASADO ESTÁ DE VOLTA
(ÚLTIMA REUNIÃO DO COUNI)

Em sua última reunião do órgão máxima da Universidade foi acometido mais uma vez pelo pensamento atrasado e não foi nenhuma anti-ação da diretoria ADUEMS. Deixemos a direção aduêmica em paz (por hora). Este pequeno texto vai se referir a uma proposta que foi feita para ser discutida e aprovada no COUNI, uma proposta impensável para o pensamento crítico compromissado com a construção de uma Universidade com “U” maiúsculo, para quem pensa em uma Universidade cumpridora sua função social. Pode-se afirmar de alguma forma, ainda que precária, que foi uma proposta de exclusão social dos alunos do espaço da pesquisa e consequentemente de uma formação qualificada.
Gostaríamos de ressaltar que discutimos ideais e não pessoas. Ressaltamos que o Fórum Acadêmico está aberto e disponível para participação de todos em qualquer dos textos postados, garantimos réplicas e tréplicas tantas vezes quantas forem necessárias e ainda está aberto para proposta de novos textos, ou seja, quem quiser postar um texto para debate. O Fórum Acadêmico está a disposição. Isso porque o debate aberto e franco politiza, educa e contribui para o desenvolvimento político e intelectual.
De volta ao ponto. A proposta foi a de redução em 80% das bolsas concedidas aos alunos da Universidade. O percentual não conta, poderia ser até de 0,1%. A redução de bolsas acadêmicas seria e é inconcebível. Pois bem, é uma proposta que representa o retrocesso, um tipo de pensamento conservador para lá e muito para lá de atrasado e como todo pensamento atrasado está ligado às forças conservadores de dominação e submissão. A quem interessa o atraso intelectual, científico e acadêmico da Instituição? A quem interessa a submissão? É uma tentativa de desconstruir a solidificação do avanço que a atual Administração conseguiu com o aumento de bolsas para acadêmicos, a bem da verdade, um aumento muito significativo.
Ora, a maturidade intelectual, científica e principalmente política de uma instituição passa necessariamente e obrigatoriamente pelo investimento na formação dos nossos alunos. Passa também em última instância na relação de orientação entre aluno e professor que em primeira instância acaba por promover a interlocução e o amadurecimento de ambos. Acaba por desenvolver também o próprio espaço de reflexão acadêmica e aumentando significativamente a massa de pesquisas não para o professor ou para o aluno ou mesmo a instituição, mas para a sociedade de forma ampla. A redução significa negar e ser contra esse desenvolvimento intelectual e social.
Diminuir violentamente o número de bolsa seria o mesmo que pedir para se tornar centro acadêmico ou mesmo nos equiparar às massas de faculdades particulares que não possuem compromisso com o social, com a pesquisa e o desenvolvimento do pensamento reflexivo. Diminuir ou mesmo pensar, mesmo em estado de delírio alucinógeo, reduzir qualquer número de bolsas para os alunos é assumir de forma deliberada que queremos voltar ao atraso institucional, voltar à precariedade de pesquisas e nos retirar do espaço intelectual que a Instituição hoje está inserida de forma segura e madura.
Veja bem, os órgãos de fomento nos avaliam também pelo número de bolsas que a instituição oferece, é uma exigência da CAPES que os professores de programas de Mestrados tenham bolsistas, ter bolsista também é um requisito para a instituição conseguir recursos externos, e a bem da verdade, a Instituição tem conseguido muitos recursos para o desespero dos adeptos ao pensamento atrasado e conservador, pensamento de submissão intelectual em primeira instância.
A diminuição de bolsas representa também a exclusão ou mesmo a precarização da permanência de muitos alunos na Instituição. Se o valor muitas vezes possa parecer pequeno a ponto de propor o corte na bolsa, acredito que é porque há um descompromisso muito forte com os alunos, com a Instituição e em primeira instância com o pensamento reflexivo e crítico.
Acredito que essa estranha proposta de diminuição de bolsas é apenas um prenúncio de propostas piores que poderão surgir, pois, o pensamento atrasado sempre está à espreita para qualquer ação insurgente, sempre a espera de qualquer oportunidade para volta a cena, a espera para desbancar qualquer avanço significativo, seja intelectual, político, acadêmico ou mesmo social.
Acredito que aqueles que possuem um tipo de pensamento progressista ou mesmo algum compromisso com a produção e divulgação do conhecimento, com a formação qualificada de novos pesquisadores (iniciando na graduação), o momento é de ficar alerta, estar apostos porque a primeira investida foi dada e com certeza podemos esperar muitas outras. Iniciou-se o primado do atraso. O Império da desconstrução.
É o momento dos alunos e suas organizações ficaram atentos, dialogarem com os coordenadores comprometidos com os avanços institucionais, é o momento dos grupos de pensamento progressista se organizarem contra a temporada do pensamento atrasado. É o momento principalmente dos professores discutirem a atuação da ADUEMS. A Instituição precisa continuar avançando. É preciso ao invés de retrocessos, na pauta estejam presentes propostas tais como: eleição direta para coordenadores, gerentes com participação efetiva de alunos rumo a democratização, e a principal demanda, a autonomia universitária.
Talvez alguém indague qual a relação do discurso de redução de bolsas com a autonomia universitária. Possa parecer óbvia para alguns e não para outros, mas as propostas do atraso surgem exatamente por falta de autonomia universitária.
O momento é de vigília acadêmica para preservar os avanços e criar condições que a Instituição continue avançando na sua função social tão cara ao nosso Estado, continue avançando no aumento de bolsas para alunos, pois o que se conseguiu em t ermos de bolsas externas nada mais é do que uma contrapartida do número de bolsas internas, ou seja, a Instituição aumenta o número de bolsas e os órgãos de fomente, diante do fato, acaba por nos conceder mais bolsas porque o aumento interno de bolsas é considerado para os órgãos de fomento como um compromisso social e político com a formação acadêmica em primeira instância e a valorização do tripé (ensino, extensão e pesquisa).
Para terminar, gostaria de ressaltar que uma Instituição pequena como a nossa deve manter o pensamento atrasado longe dos colegiados, longe das instâncias decisivas, pois, o pensamento atrasado é o grande inimigo interno. Pensar em cortar ou reduzir bolsas para alunos é um ataque violento a formação acadêmica, é a exclusão de muitos de nossos alunos. Podemos dizer que felizmente o pensamento atrasado sofreu mais uma derrota, mas ele continua sendo um inimigo a ser vencido.

Desta Terra de Campo Grande-MS, 22 de agosto de 2011.

Prof. Marlon L. Rodrigues.

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