Prezados (as),
abaixo poema escrito pelo nosso aluno Gabriel de Melo Lima Leal
Operário em Educação
Era ele que tinha aulas
Onde só havia chão
Como um pássaro sem asas
Estudava em uma sala
Que era nada de antemão
Mal a sua turma cabia
Mal a sua turma sabia
De sua grande missão
Não sabiam por exemplo
Que a sala de aula é um templo
Um templo sem religião
Como também não notavam
Que o dar o jeito que davam
Que o jogo de cintura
Ante a falta de estrutura
Sendo sua liberdade
Era sua escravidão.
De fato como podia
Um operário em educação
Compreender que um livro
Valia mais do que um pão?
Os livros ele folhava
Página a página lia
Quanto ao pão, ele o comia
Mas se fosse comer papel!
E assim o operário ia
Em frente, a cabeça prenha,
Fazendo aqui uma prova
Adiante uma resenha
Mas ele desconhecia
Um fato extraordinário
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário
Por mais que um operário leia
A educação que semeia
Faz sua própria educação
E certo dia estudando
O operário trabalhando
Foi tomado de emoção
Que tudo que transcorria
Na sua graduação
De certa forma refletia
O que ele mesmo viveria
Quando estivesse formado
Quando do outro lado
Fosse formar operários
Operários da educação
Viu que a escassez que sofria
A escola, sua instalação
Principalmente atingia
O alicerce não da escola
Mas da sua formação
Viu então que os professores
Ou o resto da cidade
Não podiam tomar suas dores.
Que de sua realidade
Devia ele mesmo cuidar
Que a precariedade que há
Só seria resolvida
Se dedicasse sua vida
Sua humilde vida a
Operar pela educação.
Como podia querer
Que gente que não passava
Que gente que não estava
Dentro da escola a sofrer
Lutasse por sua causa
De uma melhor condição
De ensino que fazia falta
No construir dele mesmo
Um operário em educação?
E uma nova coisa se via
Que um estudante pensava
E nos outros refletia
E no coração da escola
Diante da ideia da esmola
Que era só o que recebia
Escreveu-se a ferro e fogo
A raiva perante o engodo
- Que o governo promovia -
Dentro em cada coração
E os estudantes cresceram
As gargantas dilataram
E as vozes que apresentavam
Trabalhos para os colegas
Rasgaram todas as pregas
Das línguas que estudavam
E assim o operário
Da escola em formação
Que dizia “tudo bem”
Começou a dizer “não”.
Aprendeu que cada coisa
Cada uma pequena falha
Trazia junto a questão
Muito maior e que estava
Na sua própria inação
Que se o governo tirava,
Era ele que não lutava
Pela restituição.
Pra que fosse dado respeito,
Até então não abrira o peito
Até então estava indefesa
A todo ataque, a educação.
Viu que o “ok” que acenava
Era em verdade um perdão
Que a biblioteca fechada
Era o whisky do capitão
Que o reclamar sem agir
Era voto ao capitão...
E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução
Foi pra rua proclamar
A sua indignação
E como era de se esperar
Na sua manifestação
O operário foi cercado
Por capangas do capitão
Teve seu couro cortado
Teve seu rosto cuspido
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!
Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras seguiram
Muitas outras seguirão
Todos enxergam agora
Que o estado que devia
Sustentar a educação
É na verdade inimigo
E que tem por interesse
Só a sua exploração.
E à ideia em crescimento
Foi-se juntando o cimento
Da politização
De saber que um direito
Nunca é consolidado
Não vai do papel à ação
Gratuitamente e que apenas
Lutando pelos problemas
E com muita reivindicação
O direito é exercido.
Que mesmo um round perdido
Nunca é em vão
Desde que a ideia só cresça
Desde que aumentem os números
De operários com cabeça,
Operários que dizem “Não”.
Vendo que a o violência
Não dobrara o operário
Tentou um dia o capitão
Dobrá-lo de modo contrário
E chamando o operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei tudo que pedes
Mas só à tua formação
Não a de teus colegas
E somente se deixares
O que te faz dizer não.
Mas o que o operário via
Não via o capitão
Que atrás da economia
A empurrava a sua mão
Que nada daquilo haveria
- Nem mesmo o poder de
Que abusava o capitão –
Se não fosse a sua labuta
O seu suor na educação
Que a maior força surgia,
Um força sem comparação,
Dele mesmo, do operário
Com seus pares em união.
E a voz do operário
Tomou corpo e disse: Não!
E aquele operário
Operário em educação
Pela batalha travada
Politicamente em sua alma
Fez-se em fim levantada
A sua própria construção,
Tomou-se então ampliado
De uma amplitude que não
Se forma apenas nas aulas
Agregou a consciência
De luta à sua formação
Tornando enfim em educado
O operário em educação.
Gabriel de Melo Lima Leal
abaixo poema escrito pelo nosso aluno Gabriel de Melo Lima Leal
Operário em Educação
Era ele que tinha aulas
Onde só havia chão
Como um pássaro sem asas
Estudava em uma sala
Que era nada de antemão
Mal a sua turma cabia
Mal a sua turma sabia
De sua grande missão
Não sabiam por exemplo
Que a sala de aula é um templo
Um templo sem religião
Como também não notavam
Que o dar o jeito que davam
Que o jogo de cintura
Ante a falta de estrutura
Sendo sua liberdade
Era sua escravidão.
De fato como podia
Um operário em educação
Compreender que um livro
Valia mais do que um pão?
Os livros ele folhava
Página a página lia
Quanto ao pão, ele o comia
Mas se fosse comer papel!
E assim o operário ia
Em frente, a cabeça prenha,
Fazendo aqui uma prova
Adiante uma resenha
Mas ele desconhecia
Um fato extraordinário
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário
Por mais que um operário leia
A educação que semeia
Faz sua própria educação
E certo dia estudando
O operário trabalhando
Foi tomado de emoção
Que tudo que transcorria
Na sua graduação
De certa forma refletia
O que ele mesmo viveria
Quando estivesse formado
Quando do outro lado
Fosse formar operários
Operários da educação
Viu que a escassez que sofria
A escola, sua instalação
Principalmente atingia
O alicerce não da escola
Mas da sua formação
Viu então que os professores
Ou o resto da cidade
Não podiam tomar suas dores.
Que de sua realidade
Devia ele mesmo cuidar
Que a precariedade que há
Só seria resolvida
Se dedicasse sua vida
Sua humilde vida a
Operar pela educação.
Como podia querer
Que gente que não passava
Que gente que não estava
Dentro da escola a sofrer
Lutasse por sua causa
De uma melhor condição
De ensino que fazia falta
No construir dele mesmo
Um operário em educação?
E uma nova coisa se via
Que um estudante pensava
E nos outros refletia
E no coração da escola
Diante da ideia da esmola
Que era só o que recebia
Escreveu-se a ferro e fogo
A raiva perante o engodo
- Que o governo promovia -
Dentro em cada coração
E os estudantes cresceram
As gargantas dilataram
E as vozes que apresentavam
Trabalhos para os colegas
Rasgaram todas as pregas
Das línguas que estudavam
E assim o operário
Da escola em formação
Que dizia “tudo bem”
Começou a dizer “não”.
Aprendeu que cada coisa
Cada uma pequena falha
Trazia junto a questão
Muito maior e que estava
Na sua própria inação
Que se o governo tirava,
Era ele que não lutava
Pela restituição.
Pra que fosse dado respeito,
Até então não abrira o peito
Até então estava indefesa
A todo ataque, a educação.
Viu que o “ok” que acenava
Era em verdade um perdão
Que a biblioteca fechada
Era o whisky do capitão
Que o reclamar sem agir
Era voto ao capitão...
E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução
Foi pra rua proclamar
A sua indignação
E como era de se esperar
Na sua manifestação
O operário foi cercado
Por capangas do capitão
Teve seu couro cortado
Teve seu rosto cuspido
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!
Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras seguiram
Muitas outras seguirão
Todos enxergam agora
Que o estado que devia
Sustentar a educação
É na verdade inimigo
E que tem por interesse
Só a sua exploração.
E à ideia em crescimento
Foi-se juntando o cimento
Da politização
De saber que um direito
Nunca é consolidado
Não vai do papel à ação
Gratuitamente e que apenas
Lutando pelos problemas
E com muita reivindicação
O direito é exercido.
Que mesmo um round perdido
Nunca é em vão
Desde que a ideia só cresça
Desde que aumentem os números
De operários com cabeça,
Operários que dizem “Não”.
Vendo que a o violência
Não dobrara o operário
Tentou um dia o capitão
Dobrá-lo de modo contrário
E chamando o operário
Fez-lhe esta declaração:
- Dar-te-ei tudo que pedes
Mas só à tua formação
Não a de teus colegas
E somente se deixares
O que te faz dizer não.
Mas o que o operário via
Não via o capitão
Que atrás da economia
A empurrava a sua mão
Que nada daquilo haveria
- Nem mesmo o poder de
Que abusava o capitão –
Se não fosse a sua labuta
O seu suor na educação
Que a maior força surgia,
Um força sem comparação,
Dele mesmo, do operário
Com seus pares em união.
E a voz do operário
Tomou corpo e disse: Não!
E aquele operário
Operário em educação
Pela batalha travada
Politicamente em sua alma
Fez-se em fim levantada
A sua própria construção,
Tomou-se então ampliado
De uma amplitude que não
Se forma apenas nas aulas
Agregou a consciência
De luta à sua formação
Tornando enfim em educado
O operário em educação.
Gabriel de Melo Lima Leal
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